terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Décadas

Eclosão da Guerra do Vietnã, Primavera de Praga e rebeliões operário-estudantis na Europa. No Brasil, tanques militares tomam as ruas com a divulgação do Ato Institucional Nº5, enquanto a população responde em passeatas pelas principais cidades do País. O ano de 1968 passou mas, como se sabe, não acabou, deixando marcas até hoje na humanidade. E, guardadas as proporções, no futebol cearense também. Há exatas quatro décadas o Ferroviário Atlético Clube vencia o Campeonato Cearense de forma invicta.

O feito dos corais não foi repetido desde então. O Ferroviário dominou o ano, pautado por uma equipe equilibrada, em que despontavam os volantes Coca-Cola e Edmar, além do meia-atacante Lucinho. O time conquistou os dois turnos da competição sem uma derrota sequer - foram oito vitórias e seis empates nos 14 jogos da campanha. No jogo do título, pela última rodada do returno, empate por 1 a 1 com o Fortaleza, no estádio Presidente Vargas, em 28 de julho.
O jogo teve sabor especial. Afinal, o Tubarão deixara escapar o título do ano anterior justamente para o Leão, após vencer o primeiro jogo da decisão e perder os dois seguintes. Nesta nova decisão a equipe do técnico Ivonísio Mosca abriu o placar com João Carlos, de cabeça, aos 20min da etapa inicial. Croinha empatou para os leoninos aos 14min da etapa final. Mas o empate favorecia o Ferrão, desde que o Quixadá não vencesse o Guarany-S, fora de casa. A partida terminou em 4 a 4 e, com a combinação dos resultados, os ferroviários foram à desforra mantendo a invencibilidade e levando o título de modo arrastão.

Era o fim de um jejum de 16 anos sem campeonatos. E o início de uma festa que ficou marcada na época. O primeiro turno cearense de 68 foi bastante disputado entre Ferroviário, Ceará, Fortaleza, América (campeão estadual de 66) e Calouros do Ar (campeão de 1955). Para se ter ideia da competitividade, os citados quadros revezaram-se nas primeiras posições até a quinta rodada, quando o Ferrão e Calouros assumirama cabeça da tabela. Entretanto, o Calouros na última rodada tropeçou diante do Quixadá ao perder poer 1 x 0, dando de mão beijada o título ao Tricolor da Barra do Ceará.

No segundo turno, a disputa concentrou-se entre Ferroviário, Fortaleza e Calouros e o surpreendente Quixadá (time fundado na cidade do mesmo nome em 1965, a partir da fusão das equipes do Bangu e Avante). Apesar disso, o Ferrão ganhou merecidamente o turno e o título arrastão em novo empate com o Fortaleza, agora em 1 x 1, uma partida a qual o Peixe poderia inclusive ter goleado facilmente.
Nesse jogo, já aos 4 minutos, uma violenta bola de Coca-Cola chocou-se com o travessão superior da meta do goleiro Gilberto. O meio campo coral, composto por Edmar, Coca-Cola e Mano, infernizou a defensiva adversária no 90 minutos. E quando o Fortaleza tentou uma tímida reação, o goleirão tricolário Cavalheiro brilhou no arco. O Ferroviário marcaria seu tento aos vinte minutos da primeira fase: num escanteio bem executado por Raimundinho, João Carlos mergulhoude cabeça e violento, sem nenhuma chance para o goleiro do Fortaleza. Apenas aos 14 minutos do segundo tempo, o Leão empatou através de um lindo gol de Croinha de virada, numa das poucas falhas da zaga do tubarão.

A campanha do Peixe foi irrepreensível. A torcida lavou a alma! Verificaram-se 14 jogos, com 8 vitórias (entre as quais 4 x 0 Ceará, 4 x 1 América e 4 x 2 Messejana), 6 empates e nenhuma derrota, marcando 27 gols e sofrendo apenas 13. O Ferrão ganhou igualmente o título de campeão da disciplina (não teve um só atleta expulso em toda a disputa), da taça eficiência, teve maior arrecadação, melhor público, melhor defesa e ataque.
Segundo a edição de O POVO daquele dia, torcedores e atletas permaneceram no campo até a noite, para, em seguida, festejar nos dois grêmios ferroviários da cidade. “A festa foi grande demais. O Ferroviário não ganhava nada há muito tempo. Eu mesmo saí de campo só de cueca”, lembra o volante Edmar. Ele destaca a qualidade da equipe. “O time era uma maravilha, afinado, de toque. Tanto que foi campeão invicto”, conta Edmar, que hoje treina jovens no projeto Bola de Meia, no Parque São Miguel.
Outro jogador daquela equipe, o atacante Orlando Facó lembra que o final dos anos 60 foi um período bom para o clube. “A diretoria era composta por pessoas equilibradas, que fizeram um planejamento a longo prazo”, afirma. Um dos diretores era José Rego Filho. Ele pontua a austeridade administrativa, a disciplina e a participação de toda a classe ferroviária como fundamentais para a conquista do título de 1968. “Foi uma época muito boa, conseguimos muitos avanços”. Avanços lembrados até hoje, quarenta anos depois do “ano que não acabou”.

FERROVIÁRIO (CE) 1 X 1 FORTALEZA (CE)
Data: 28/07/1968
Campeonato Cearense
Local: Estádio Presidente Vargas / Fortaleza
Árbitro: José Felício Lopes
Assistentes: Assis Furtado e Gilberto Ferreira
Público: 13.612 pagantes
Gols: João Carlos 20/1º, Croinha 14/2º
FERROVIÁRIO: Cavalheiro; Wellington, Flodoaldo (Luiz Paes), Gomes e Barbosa; Edmar e Coca Cola; Mano, Paraíba, João Carlos e Raimundinho (Lucinho) / Técnico: Ivonísio Mosca de Carvalho
FORTALEZA: Gilberto; William, Zé Paulo, Renato e Carneiro; Ivan Frota (Fontoura), Joãozinho e Luciano Oliveira; Humaitá, Croinha e Alísio /Técnico: José Valdo

Um público de 5.983 pessoas foram ao Morumbi naquele 15 de outubro de 1992. Dia dos professores, dia de aula de futebol. Já classificado para a fase seguinte do paulistão, o São Paulo, campeão da Taça Libertadores, se preparava para a disputa de seu primeiro Mundial. Cafu estava contundido e Telê ainda tinha dúvidas sobre a lateral-esquerda. Mas aquele foi dia de Raí. O craque fez de tudo e mais um pouco. Comandou a equipe num espetáculo de gala, tomou conta da partida. Fez 5 gols de todos os jeitos, incluindo um por cobertura. Quem viu não esquece... Impecável. Nota 10!

SÃO PAULO (SP) 6 x 0 NOROESTE (SP)
Data: 15/10/1992
Campeonato Paulista / Returno / 21ª Rodada
Local: Estádio do Morumbi
Árbitro: José Roberto Wright
Gols:
Raí 11, Raí 24, Raí 56, Raí 73, Müller 80, Raí 85
SÃO PAULO: Zetti; Vítor, Adílson, Válber e Marcos Adriano; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho), Raí e Palhinha (Maurício); Catê e Müller. Técnico: Telê Santana.
NOROESTE: Silvio Roberto; Amaral, Campagnolo, Monteiro e Baroninho; Cláudio, Luís Cláudio, Jorge Rauli e Vaguinho (Luís Henrique); Charles e Marco Aurélio. Técnico: Marco Antônio Machado.

Festival de inauguraçao do Estádio Colosso da Lagoa da Lagoa de Erechim/RS

O jogo inaugural foi entre SANTOS F.C. 2x0 GRÊMIO F.B.P.A.

Pelé marcou neste jogo o seu gol número 1040, o primeiro no Estádio Colosso da Lagoa, o qual recebeu uma placa em bronze da Rádio Tupi de São Paulo, com o prefixo 1040.
O S.C. Internacional fez o terceiro jogo do estádio, segue um breve “histórico” do mesmo:

No festival de inauguraçao do Colosso da Lagoa, a segunda rodada de jogos foi realizada no dia 06 de Setembro de 1970.
Depois da preliminar realizada por Ypyranga x Esportivo, sob muita chuva a equipe do Botafogo goleou o Internacional por 5x2.

Logo ao primeiro minuto de partida, Jairzinho o Furacao da Copa, fuzilou o Inter e fez 1x0. O Inter reagiu e aos 21 min Sérgio Galocha empatou a partida. Na etapa complementar aos 18 min novamente Jairzinho marcou para o Botafogo, 2x1. Dois min depois foi a vez de Arlindo fazer 3x1. Aos 31 min foi a vez de Nilson aumentar a goleada para 4x1. Valdomiro, o grande ponteiro direito colorado fez o segundo gol do Internacional e finalmente aos 36min novamente Jairzinho marcou fechando a goleada em 5x2.

BOTAFOGO (RJ) 5 x 2 INTERNACIONAL (RS)
Data:
06/09/1970
Amistoso Interestadual
Local: Estádio Colosso da Lagoa / Erechim
Juiz: Luís Torres
Gols
: Jairzinho 01, Sérgio Galocha 21/1º, Jairzinho 18, Arlindo 20, Nílson Dias 31, Valdomiro 33 e Jairzinho 36/2º
BOTAFOGO: Ubirajara Motta (Cao), Moreira (Edinho), Moisés, Osmar e Waltencir; Nei Conceição (Zé Carlos II) e Arlindo (Pojito); Zequinha, Ferretti (Nílson Dias), Jairzinho e Careca / Técnico: Paraguaio.
INTERNACIONAL: Gainete, Édson Madureira, Pontes, Valmir e Jorge Andrade; Paulo César Carpegiani (Carbone), Tovar e Dorinho; Valdomiro, Sérgio e Claudiomiro / Técnico: Daltro Menezes.


Campeão Carioca com sobras

Por Fernando Lopes

Depois de conquistar a Taça Guanabara e vencer o Americano, time revelação do torneio, com sobras na semifinal, o Vasco foi à decisão do Campeonato Estadual 2003 jogando por dois empates contra o Fluminense. Mas a vantagem nem foi tão necessária, pois o Gigante da Colina mostrou sua superioridade sobre o tricolor das Laranjeiras e venceu as duas partidas pelo mesmo placar: 2x1.

O primeiro jogo realizou-se numa quarta-feira em que Marcelinho Carioca literalmente fez chover no Maracanã ao abrir o placar com um gol olímpico. No 2º tempo, Souza ampliou para o Vasco enquanto Alex Oliveira descontou para o tricolor.

Nem o fato de poder perder o 2º jogo por um gol de diferença fez com que o time vascaíno pensasse em qualquer resultado que não fosse a vitória. E para comprovar isso nada melhor do que um gol no primeiro minuto. Marcelinho arriscou de longe, o goleiro Kleber rebateu e Léo Lima apareceu para marcar e fazer explodir a torcida cruzmaltina.

Antes dos dez minutos, a arbitragem apareceria anulando um gol de cada time, alegando impedimento. Aos 3, Ademílson, do Fluminense, teve o tento anulado, e aos 8, foi a vez do vascaíno Wellington Paulo não poder comemorar seu gol. O tricolor chegou ao empate aos 21 minutos com Ademílson, em claro impedimento. Aos 40, Marcelinho sofreu falta desleal do volante Marcão, nada faz e acabou sendo inexplicavelmente expulso juntamente com o jogador do Fluminense.

Sem o craque do Vasco em campo, quem resolveu dar o show foi Léo Lima. Aos 15 minutos veio dos pés dele a jogada que entraria para a história recente do futebol carioca. Na lateral esquerda, o meia vascaíno, de letra, fez um cruzamento sensacional para a grande área. Quase em cima da linha de fundo, Cadu cabecepu para trás e Souza apareceu para executar o rival. Vascão 2x1 e o Cariocão 2003 era do Gigante da Colina.

VASCO DA GAMA (RJ) 2 x 1 FLUMINENSE (RJ)
Data: 23/03/2003
Campeonato Carioca
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Samir Yarak
Cartões amarelos: Alex, Henrique e Léo Lima (Vasco); Zé Carlos, Jadílson, Alex Oliveira e Carlos Alberto (Fluminense).
Expulsões: Marcelinho Carioca (Vasco) e Marcão (Fluminense) aos 40 minutos do 1º tempo.
Gols: Léo Lima 01 e Ademílson 21/1º; Souza 15/2º
VASCO DA GAMA: Fábio, Russo, Alex, Wellington Paulo e Edinho; Henrique (Rogério Corrêa), Bruno Lazaroni, Léo Lima (Rodrigo Souto) e Marcelinho Carioca; Marques (Cadu) e Souza / Técnico: Antônio Lopes.
FLUMINENSE: Kleber, Jancarlos (Zada), César, Zé Carlos e Jadílson; Marcão, Djair (Fernando Diniz), Alex Oliveira (Marcelo) e Carlos Alberto; Ademílson e Fábio Bala / Técnico: Renato Gaúcho.


Garrincha vestiu a camisa do Novo Hamburgo

A Noite em que o Anjo das Pernas Tortas Vestiu a Anilada ::

Garrincha, o lendário ponteiro-direito do futebol brasileiro e mundial, teve sua passagem pelo Esporte Clube Novo Hamburgo, acredite. Ele vestiu a camisa 7 anilada na noite de 2 de julho de 1969, na partida Internacional 3 x 1 ECNH, no Estádio Beira-Rio.

Mané não marcou no amistoso - um jogo-exibição -, mas deu seu show em Porto Alegre. Segundo registros da época, aos 22 minutos da fase inicial, Garrincha driblou o lateral Jorge Andrade, que ficou caído, passou por Pontes e deixou Dirceu em condições de marcar, mas o tiro do atacante do alvianil acertou a trave do goleiro Schneider.

O craque das copas de 58 e 62 saiu de campo aos 15 minutos do segundo tempo, sendo muito aplaudido pelos torcedores gaúchos. Antes da partida, Garrincha fez um treino no Santa Rosa, quando conheceu um pouco do clube e o grupo de jogadores. O técnico Crespo entregou a camisa ao anjo das pernas tortas, que começou o jogo, claro, como atração da noite e titularíssimo do Nóia.


INTERNACIONAL (RS) 3 X 1 NOVO HAMBURGO (RS)
Data: 02/07/1969
Local: Estãdio Bira Rio
Amistoso Estadual
Árbitro: José Carlos Von Mendgem
Renda: NCr$ 6.490,00
Gols: Sérgio 15,Tovar 17/1º, Chiquinho 07, Helenilton 10/2º.
INTERNACIONAL: Schneider (Edgar); Édson Madureira, Pontes (Gunga), Valmir (Luiz Carlos) e Jorge Andrade; Tovar (Élton), Dorinho e Sérgio; Carlitos (Valdomiro), Chiquinho e Canhoto.
NOVO HAMBURGO: Carlos; Di (Heitor), Bernardino, Osmar e Virgílio; Bira, Xameguinha e Dirceu; Garrincha (Ortiz), Helenilton e Sarão.

3 comentários:

Rogério Carvalho disse...

Amigo Jorge Costa, deixei resposta ao comentário no blog.

Ontem dediquei um pouquinho de tempo ao blog, de facto, quando não se tem tempo de publicação, perde-se a qualidade oportuna para publicar assuntos interessantes. Isso tem-me acontecido.

Tenho lá uma novidade, encontrei e estive "in louco" com Marcell Jasen (Selecção Alemã e agora no Hamburger SV, ex-Bayer Munique). lool

É um post, que até ficaria bem nos sumários deste blog. Achei engraçado.

Um grande Abraço
Rogério Cavalho

Anônimo disse...

desculpe usar o comentário para me corresponder. Estou em busca de informações sobre um tio "emprestado" ex-goleiro do Fluminense chamado João Squarizzi, mencionado inclusive em um único livro 100 anos de futebol q. comprei no Fluminense. Você tem conhecimento onde eu poderia buscar mais informações? Desde já obrigado.

Jorge Costa disse...

Prezado amigo
Revendo meus arquivos e em busca na net, não encontrei nada que faça referência a este teu tio.Esiste um site do Fluminense e ele lista todos os jogadores que passaram pelo Flu e ale não é mencionado.
aí vai o link do site http://www.fluzao.info/

Desulpe por não te-lo ajaudado como gostaria.
Abraços